segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um abraço


Eu devolveria ou trocaria todos os presentes nesse dia em que as pessoas sorriem e ganham flores. Todos se emocionam, acham lindo, mas no final de semana seguinte inundam os shoppings para trocar por algo mais útil, que não aperte tanto.

Duvido que trocaria a felicidade e as gargalhadas que os meus amigos me proporcionam.

Esses exigem quase nada, ou melhor, nada que me faça achar que estou fazendo por obrigação. O meu interesse neles é recíproco: companhia, assuntos e carinho. Quando se é amigo isso é quase tudo que interessa.

No final de semana seguinte só precisamos ir ao shopping para aproveitar um cinema, pizza e refrigerante – no meu caso água “quente”. A amizade a gente não troca. Assim como não trocamos nossas cumplicidades – os nossos sorrisos e olhares não são comercializados. Eu trocaria todas as flores que dei e os presentes que recebi por um abraço de um amigo, pois esses são verdadeiros e eternos.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sou


Sou sem sinistros

Santo sem acaso

Sou sem soberba

Sereno sem anarquia

Sou sem sátira

Saudoso sem adorno

Sou sem suposto

Sábio sem arrogância

Sou sem sublimar

Sóbrio sem aquém

Sou sem sacrifício

Sincero sem agudez

Sou sem sistemática

Simplório sem aparato.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Simples amar


Falo o que é amor. Amor pode ser quando eu olho em minha volta e vejo tudo em neve e poesia. Quando as flores brotam em meu quintal. Ou quando falo de um amigo, aquele que defendo com todo afinco. Os mesmos que me fazem sorrir – me dão o norte da vida.

O amor somente é a forma mais agradável de estar com alguém. A forma de dizer meus devaneios com nicotina ou de poetizar aquilo que foi, que é ou que jamais será.

Ainda amo com toda a intensidade, com a veracidade que a hora permite. No inverno ou no verão. Ainda brilham meus olhos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cicatrizes


Roberta Sá me cantou agora suas cicatrizes e as minhas ainda estão abertas e sangrando desde o carnaval. Desde que a vida me partiu em meios, em várias partes. Muito melancólico, segundo vocês dramáticos.

E escrevo para não dizer o quanto dói. O quanto de vocês contém nessa dor, nesse devaneio, nesse critério de sofrimento do meu coração.

Posto sobre a página aquilo que me dera, numa ordem de importância retroativa de vocês até mim. Eu de patelas ao chão a lembrar de todos os pecados nunca antes cometidos, por você.

Se me corrige: “as cicatrizes não sangram”, lhe digo que as feridas são minhas e, por vocês, sangram até as cicatrizes. Pois mesmo sem ser eu o amor, ainda me dói. Vocês eu já esqueci, mas não esquecem que as feri.

Confesse

Te confesse através de seu olhar, olhe para cá. Me veja te desejando e admirando o seu andar chuvoso na calçada nublada. Eu te escrevia toda manhã, te descreveria em toda frase.
Antes que eu vá embora me olha, repentinamente, flutuando sobre teus olhos, caindo sobre você. Não me deseje mais que te desejo, mas me deseje profundamente.
Me escreva só em você, em suas folhas, nos seus segredos. Nas rosas que empunhas, nas nuvens.
Volte em minha direção que desço ali, logo à frente – nada mais que cem ou duzentos metros – e te herdarei o sorriso que sei que me dará.

sábado, 4 de junho de 2011

Colcha de retalhos


Minha Menina do cabelo encaracolado, como se transforma... como me encanta. Era você no espelho e todos aqueles anos atrás. O sorriso de mesma sintonia, era você, era um espelho. Minha Menina sorridente, naqueles cachos te vi e te lembrei instantaneamente.

Chego a te ver em outros rostos. Você me mata e saudade me ressuscita.

Que em outrora me dera apenas fagulhas e me incendeia em todo o momento, me degrada a alma e o coração. Me agrada o paladar, me aguça a visão e me queima. Afinal me inspiro no ar que respiramos, pois se esse for amargo eu serei o amor e se for doce serei o que arde.

Que as letras que expus a você não se prendam ao papel, mas que ainda consiga olhar pra dentro delas e se ver por inteiro.

Sempre quis provar do gosto do veneno, que me rasgasse por dentro e abalasse todo o meu ser. Quero um veneno que é teu, único.