terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dias e Noites

Me vejo repleto de vontade de viver e respirar por conta própria, alçar novos rumos e poder falar de novo no cantinho da orelha. Como isso me faria feliz, amar sem ter medo do que há por vir.

De dia me encorajo a esquecer quem você é ou será, com os olhos bem abertos para novas felicidades. Mas quando vem a noite a crueldade da mente humana me faz lembrar teu nome, ao fechar meus olhos e adormecer todos os sonhos representam o que você tem a me dizer, dizem o que não pode representar, e me mostram tudo o que ainda representa.

Eu ainda não pude me livrar totalmente das garras enfurecidas das repetidas noites. Poderia preferir não sonhar ou não dormir. Mas eu prefiro. Acordo com um olhar amargo de lágrimas ainda derramadas durante as noites escoltadas de você. E ao longo das outras tantas horas espero apenas não me lembrar do que sonhei, lembrar que você existe, lembrar de você, lembrar.

Na impossibilidade disso acontecer tento me sucumbir em meus textos e afazeres e suponho que nesta noite, quando puser minha cabeça sobre o leito que em outrora também foste teu, não sonhe mais com você, não tenha mais que pedir perdão para mim mesmo por não conseguir deixar você sair de mim, espero que vá embora e volte a noite para me fazer companhia.

sábado, 25 de dezembro de 2010

De onde embarcar

Em qual dia em que Bandeira e Pessoa vão me deixar levantar deste luto e ver que a irradiação de luz não é somente uma penúria é também mais um dia que se passa sem eu me apresentar a uma bela dama, para que ela possa me dar outros raios de felicidade?

Me recupero aos poucos como se fosse um acidente muito grave ter perdido aquela mulher. A medicação, ainda não controlada, é em doses pequenas de carinho que permito receber daqueles e aquelas que me circundam.

Estão percebendo os meus olhos fundos e a magreza evidente – hoje estou sem quem disse que era minha metade.

Quando Pessoa me deixar, finalmente, navegar em mares e marés diferentes vou recostar sobre o mesmo travesseiro e sonhar com outras curvas delineadas e não tentar encontrar outros caminhos que terminam no mesmo destino. Vou fazer um cruzeiro de rotas diferentes, bem possível sem enfeites nos anelares.

Ontem eu já fui lá fora, as pernas ainda bambeiam um tanto e acabam seguindo aquele caminho, mas aos poucos vou levantar da cama e escrever meu coração com mais firmeza, espere um pouco.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Enquanto posso te falar

Soprando o orvalho da manhã

E as folhas não recolhidas

Deixam o verde enriquecer as flores

As gotas ainda em suspensão

Não deixam de molhar de novo o chão

Queria o escritor ver de longe a sua angústia

Poderia apenas se contentar com o papel

A caneta impregnada de vontades

Percorria da esquerda para direita

Em movimentos repetidos

Quando não isso eram as mãos sobre as teclas

Vai e volta de mensagens, as mágoas

Contornar? Não era um caminho com muitas voltas

Foi, sim, com opções (muitas delas equivocadas)

Teve sim seus momentos sobre o palco da vida

E percorreram o caminho totalmente inverso

E avistou o brilho de sua lágrima que

Em todas as noites molha as flores do quintal

Mas se prendeu no possível e escreveu “Adeus”

Antes se o peito chorava, hoje quem chora sou eu

Enquanto houver uma fagulha de voz

Eu vou tentar responder

Posso olhar nós a frente

Te olharia com amor e

Falaria o quanto me faz...

domingo, 28 de novembro de 2010

Soprando

E agora não vou canalizar toda minha raiva em um papel

Mas escreverei versos diários sobre o meu veneno

Sem engasgar com todo esse sentimento

Ela me pede véu só não sei se posso ver o seu céu

Mas se procuro ir caminhar calado

Essa mágoa cresce, sem ter antecedentes

Em um âmago que espera ter uma ponte

Sobre as falhas que hoje o desespero falho

As baixas não serão curadas tão rápido quanto nela

E nem tão depressa quanto, talvez, me esqueça

Tenho os dois pontos de vista, e de lá avisto

Eu sem chão, e de cá você sem olhar.