quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sem Ordem



Beijei sua testa, desci a Ladeira com toda a pressa de quem não quis chegar.
Tranquei a porta, andei olhando os pés calçados para sujar o chão.
Lavei os pratos e arrumei tudo. Todo papel tem ordem de lugar.
Cresci a letra, corri bastante para não errar.
Falei com sede, quase dormindo, quase com sono, que quer me cansar.
Uma dor de mágoa ou dor nas vestes, nem sei qual delas irá doer.
Sem tempo fico até sem noção, já com certeza não sei que dia estou vivendo.
A luz apago às quatro horas, mas daqui a pouco estou de pé.
Beijo sua testa, olho pros pés e tranco a porta na esperança de poder mudar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Na tua casa, tua cama


Isso pode ser amor muito maior do que eu poderia te dar, mas, com certeza, não te dará o sorriso que fui capaz, nem as múrmuras de luxúria e afagos. Dormir em sua cama era quase um devaneio, teus seios, teu corpo em chama, noturno.
Me punha em ti como se ainda fosse pureza, não te falta beleza. Mas falta me faz. Recordações trarei, por quanto não sei. Ele pode até te amar demais, mas não é capaz, não te satisfaz.
Quero ser o ser que te aponta o lábio, que puxa o cigarro, que te perturba a mente. Eu sou prazer, prazer em conhecer, prazer em você.
Em mim estará marcada, como uma mancha que tenho na perna, te observarei, não te esquecerei. Se for sentirei falta. É parte do meu corpo. Este que já se desfez de todas as vestes em teu quarto e dormir na casa alheia é supra-sumo quando não se dorme.
Nisso que teu amor se transforma é o que a sua cama fora durante a minha permanência, um fluxo de idas e vindas. Só que as minhas eram as que te deixavam preparada para mais, você sempre pedia mais.
Dos laços que te dei, de onde me tirou, das diversas cartas e poesias que te fiz, que seja, que agora eu siga outras fontes. Os mares revoltos, as marés “esbravejantes” virão me molhar, me levarão e, junto, as minhas palavras que te diriam dos teus olhos e que não dou o último trago no cigarro para me entorpecer na sua boca.

Com amor


Mais que qualquer amor você me deu alegrias, sorrisos. Suas bordas azuis, que o céu nem se compara. Ao entardecer ou já na noite você era abrigo – perto ou longe.

De certo não te vejo como o mais mitológico, mas, sim, o mais majestoso e mais bonito. Era ainda um aperto sufocante, onde se viam os rostos mais felizes do planeta e muitos sorrisos, por vezes, mesmo que faltassem os dentes.

Como me recordo de você das enumeras vezes e, mesmo quando, o destino final eram outros. Lhe ver pela manhã já era uma felicidade.

Ao passar por você, de tempos em diante, tenho quase soluçado de tanta tristeza, de tanta maldade, nem é por caridade, é só por soberba. E seus outros amantes também têm sofrido, pois é por ganância que te puseram abaixo, que te fizeram “enfeiar”, que vão te dar ares de Europa e que destruíram você.

Desta vez não será mais pra sempre e nem nos nossos domingos, somente aos domínios. Eu vou sentir saudades. De seu eterno ouvinte, de ser o seu eterno apaixonado. Adeus Maraca.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Que seja


De veras és tudo o que, nesse momento, me fez bem. Me entreguei de fronte em ti e me vi parado diante daquela rua que percorri tantas vezes destemido.

Só mesmo os meus cupinchas para me colocar em seus ombros amigos. E somente eu para ir de encontro a outra água, mas você é meu minério. Você é quem me alimenta os olhos, fomenta os meus gostos e diagnostica os meus desejos.

Ainda não aprendi como não querer sofrer por não lhe ter. Quero ainda, ainda sem ser forma de dizer, te olhar profundamente em qualquer hora e lugar. Não aprendi a dizer para não ir, deixei sem que eu quisesse.

Que fiquem longe as comparações, mas fui capaz de andar em sua direção, agora não vou por onde queria seguir.

Jamais direi adeus. Nem sei se, novamente, direi olá, nem se ainda a vida oportunidade de sorrir. E enquanto não espero a felicidade me deixo em simples sustento de pé.

Quando tiver a coragem distante te mandarei flores, pra te fazer sorrir e chorar. Mesmo que seja escolha eu citar qualquer palavra que escutava de sua boca.

Talvez de tanto me esconder deixei de mostrar quem sou. Que me aplaudam nos últimos versos ou que apenas se lembrem que abreviaturas também significam alguma coisa. E nem me atrevo em dizer que nunca mais podem ser.