quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Maio

Põe sobre maio, ainda em maio uma enorme chuva que separa minhas mãos das tuas. A chama procura o ar para não se desfazer em pouca luz. Um par de esperança sobre um frio exuberante. Ontem Rio de Janeiro, hoje nem parece.

Quando descobrir que a chama, que é fraca ainda queima. E as palavras que se escassam também.

Pronto para seguir a vida com dois motivos. Louco por esse momento.

Sons de borbulhas à noite. Sons de garcejos ao dia. Mãos tão pequenas. Olhos tão inocentes. Se menino já tenho até o nome.

Cai sobre maio os ventos que não são os de costume e as águas atrasadas de outros meses.

Me deixe aqui pensando, não olhe para trás e nem volte, não precisa. Nunca vou deixar de usar essas meias que antes não calçava.

As palavras suplicam baixinho – quase inaudível – por mais alguns instantes, mas já fomos o bastante e está na hora de seguirmos, trilhar cada qual a sua maneira, com seu pensamento, individualmente.

Põe às ladeiras abaixo correndo feito a gota já caída. As luzes só as de cera que pouco iluminam. E a vida que é torpe e imprevisível fica às escondidas, as beiras dos becos, só para me ver de volta as palavras e o papel. Deixei de lado.

E quando as águas baixarem e, quando for maio ou noite deixarei a chama acesa até que o vento possa soprar o último fio de luz.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quase crônica, vida

Porque, então, você não vem aqui e me dá um abraço, um beijo e faça um romance comigo? A estória que podemos percorrer e escrever as estradas da felicidade.

Nem tudo na vida entra no vazio dos lamentos de instantes de soberba alegria.

Diz em duas palavras o que causa um bom sentimento? [Mas diga

internamente]

Pense em momentos que não faltam de sorrisos que as tristezas apagaram com todas aquelas lágrimas, que ainda não sabe a intenção de derramá-las.

Veja, mas entenda o que vê, diretamente olhe para qualquer direção, pois a vida muda os rumos dos nossos planos constantemente.

Então por que que mesmo depois disso tudo a vida diz a mesma coisa? Me responda vazio, responda vida.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Confidencial

Rio de dezembro das lágrimas

Lagoas e canais abarrotados de barro

Margeando as praias de pés descalços

Alcançando nuvens em um estalar de dedos

Está lá a imagem captada na retina

Na rotina da andança sob chuva

Deixa a poeira na estrada, desça na calçada

Venha em abrigo onde lágrimas não molham

Olham diferente a cabana em chamas

À beira da praia, às costas

Lagoa, canal, as nuvens e( ) passado.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Homem honrado

De olhos na cabeça que brilha

Virado ao sul de sua direção

Caminhando de frente ao lado

Utopicamente boceja sua opinião

Margeando sua alma oblíqua

Nos olhos de cabeça, quinhão

Armado de colher, que bravata

Batalha preparando um canhão

O homem de cabeça aberta

Simplifica um honrado como são

Leva de espécie a alma

Deita e fecha os olhos, tudo em vão.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Seus olhares

Novos olhares que consegui ter após toda a perda e outros ganhos, assim como, consegui ganhar olhadas e perceber que ainda me resta vida ou, até mesmo, que o que me faltava era viver. Quando, perdido no velho anexo já batido, de andar por andar e mesa em mesa percebi aquele menino olhar perdido e fui ajudar a encontrar-se, não poderia imaginar que perderia meu olhar por ali.

Tempos, não muito mais tardios, cruzamos olhadas, pois me achou por ai, perdido. Por dias e mais dias não quis acreditar que moça tão arredia poderia ver ardência e fogo no meu olhar, que, eu mesmo, achava tão confuso e contínuo.

Ainda só me vê lá de longe para não jogar os seus olhos entre os meus, olhar e olhar com a ternura que esse olhar esverdeado de hipnose quase instantânea e em instantes pode fisgar meus e levá-los pra longe, em tão imensa distância que nunca mais a veria. Só saberia que para onde fossem meus olhos acompanhariam aquele olhar. Os olhares que me dera me deixaram perdido, querendo logo achar teus olhos, querendo lhe ver de perto. Meus olhos já não sabem o que dizer.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Entre perder e o medo

Quando a vida lhe mostra diversas opções e das escolhas nenhuma tem a possibilidade de volta e no lugar de perdido ou desiludido me coloco em todas as direções, mas não equilibro as proporções e pareço alas de passistas sem sambar.

Desbragado saio da avenida um tanto embriagado pelo calor do momento. Em vezes de mestre-sala envergo as estruturas apoteóticas das figuras não apresentadas pela língua.

Reli texto por texto, repassei erro por erro, nos mínimos detalhes, percebi que a harmonia não era a mesma e que a melodia desta bateria não pode mais me levar ao delírio.

De tanto passar por esta avenida percebi que, mesmo brilhando mais que as outras flores, a Tulipa Rainha poderia também compor a história, porém não ser o enredo. Nem mesmo que escreva um samba canção por ela. Não emplaco mais um sucesso. Nem que a escola esteja afinada, não vale mais gritar, no refrão, que é a mais linda flor.

Eu posso inda abjurar que as velhas canções não tocam nem tocarão mais a minha vida ou em minha vida, e não ouvir o grito ensandecido de campeão dos Carnavais.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

De pedra em pedra

E aquilo ao longe era um astuto pássaro

Que mergulhava no escuro das noites

Em busca do seu alimento no esverdeado mar

Descansam entre as pedras donde surgem

Inúmeras redes e linhas com molinete,

Os cardumes passeiam em busca de refúgio

Ou morte

Posso observar este cenário por horas sem

Me cansar e pensar só naqueles movimentos

Que se repetem e repetem. O argumento

Perfeito para não fazer nada, olhar.

São algumas gaivotas ou albatroz – o número

É pequeno – mesmo com todo barulho conseguem

Trazer toda tranqüilidade, brigam entre

Si por mais espaço.

Naquele momento percebi que as dores não

Perdem intensidade e nem importância

O que nos resta é nos acostumar, pegar

O caminho das pedras e de lá largar

Os nossos apegos e seguir aquela simplicidade

E viver, viver ou sobreviver.

Ainda não sei se finalizei estes versos, mas

Eu vou pontuar as reticências.