quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lágrimas


Há tempos não derramo lágrimas. Estou esperando encontrar alguém por quem derramá-las. E é aí que está o problema, esse alguém não me encontra e eu não consigo procurar um alguém que queira me encontrar. Não acho ninguém que queira procurar minhas lágrimas.

Enquanto isso só derramo as palavras que penso ser só palavras e deságuam meus pensamentos e se vão meus sentimentos.

Por enquanto não me bate à porta e nem ao coração um alguém que faça as lágrimas se aplicar nessa oração de palavras. Enquanto as explicações e as pessoas são só pessoas nas palavras e as palavras se fazem cair com cheiro de tinta inalada sobre o papel. Serão as pessoas as minhas orações de palavras.

Dentro do impossível nem tudo é improvável e as palavras se repetem sem que as lágrimas me venham.

Que me venha você que sabe que já é você e sabe que as canções já foram suas e serão as suas vozes a minha. Nem que uma lágrima eu force abaixo aos olhos para a doçura que não estão em minhas palavras – a luxúria as domina.

Antes que me chame e eu olhe em teus febris olhos, toque minha mão, me dê motivos para sorrir. Por enquanto eu vou na secura de choros e sem amor, sem amar, sem palavras.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Quero escutar


Os beijos que você hoje me cerceia são os mesmos que me dera, com vontade e alegria, em meio aos sons de euforia. Pode, então, me calar os sons de olhares alheios e fazer que te veja.

Me faça motivo pra respirar. Me faça você de eu de ser. Mas saiba falar o que te faz falta em mim, se faço falta à você.

Telefone mesmo quando o telefone estiver desligado. Me grite durante o dia e me chame à noite.

Fale primeiro você o que eu gostaria de ouvir, que te digo o que esperava escutar.

Foi embora (A história de Priscila)


Me vem um sorriso largo quando lembro da minha história de amor. Sorrio por que é loucura de pele, é loucura. Na pia, no fogão ou na sala. Eletricidade nada estática. O que valia era a mão na pele.

E quando chegou a tempestade e o molho desandou e nada mais era amor. Só as loucuras ficaram.

Chorei e me agarrei aos teus sapatos para que não fosse embora. Fingi que morri. Me tiraram tudo do estômago. Tudo menos ele, menos minha vontade de ficar com ele.

A vontade foi embora junto com o sujeito que me traiu e magoou meu coração.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Encontro


Me consome o corpo, desnude meu corpo enquanto dispo você de suas vergonhas. Não teria medo. Encontro carnal, pecados e sorriso. Jogados num corpo a corpo insaciável.

Te sopro aos ouvidos as mais variadas sacanagens envolvidas pela minha língua e seus arrepios. Enquanto suas unhas me rasgam a pele. Enquanto sua boca beija a minha.

Pura delinqüência decorrente do ardor de uma sexta-feira noturna. Onde éramos além de nós dois, onde eu era o seu amante. Envolvidos, envolvente, fomos nos aventurando entre coxas e lambidas, misturando carícias e agressividade. Explorando as nucas, os ombros e pescoços.

No fim, me encontrava na Praça da Bandeira com um cigarro entre os dedos. Te deixei sorrindo no táxi que seguiu até o endereço com um beijo entre os lábios depois de uma noite de loucuras.

domingo, 22 de maio de 2011

Sem Nomes


Compus algo em relação a ti

Tem três ou quatro acordes

Em nenhuma das cordas

O som era de saudade ou vontade

Eram as palavras que pregavam

De dois em dois segundos

Os seus olhos abundantes

E seu sorriso encantador

Eu pus sobre a mesa

As cartas da manga, descobertas

A música que sugeri

Quase nem por um triz

Quase sem que eu mesmo quis

Compus algo em relação

Era mais que imaculada

Te endeusei, mulher (ar de menina)

No meu refrão seria

O teu nome repetido

De nome e sobrenome

E ficou pra trás toda

Aquela pompa, mais dois

Ou três refrões

Mesmo que minha voz falte

Te cantarei o que lhe compus

A mulher linda, direção norte

A direção foi o destino que compôs.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Tinta e Papel


Ando me limitando ao tamanho da folha de papel. Ando sempre me atrasando. Ando sempre me atrasando. No caótico do óptico e das ruas envenenadas. As ruas se embebedam de sirenes e corrupção. Desde a recepção até o gabinete. Minha opinião sempre foi discursiva, mais do que discutida.

Ando à pé e ainda sorrindo. Quebrar alguns conceitos, mesmo que pra dizer que ando. E todo dia o caminho é um só, mesmo que varie. Às vezes não acordo domingo porque penso que ainda é sábado.

Ando sem paciência ou com inspiração em demasiado. Me apaixonando em cada verso e me calando em cada prosa. E as sombras que margeiam o meu rosto cansado.

Ver que noticiam tudo o que me influencia mais me irrita do que me alegra. Comigo quem faz par é o meu ser, o mar. Ando até ele. Mas nada tem cor.

E por falar, só quero um beijo da Minha Menina e todas as amarguras das vidas que já souberam amar e, hoje, já sabem sorrir. Andam brilhando os olhos e os meus por elas.

Se ainda querem saber não sei quem lhes trouxe até aqui, que não se afastem. Que eu te escreva dois versos. Que eu escreva a crônica das nossas vidas. Que a vida imprima e revise.

Ainda não decidi se acaba com amor ou louvor. Sei que não deixarei o fim bem claro, o que não é raro. Vou pôr fim com um bem merecido ponto. Desponto da esquina e não desaponto os olhos. Já descobri onde fica a vontade: jogada à beira da rua.

Lua


E se descer às portas vazias sem falar comigo seria quase hilário, pois te confundi com outra pessoa. Mas acho que me dera um ou dois sorrisos no percurso e, que não parava de olhar enquanto mexia em teus cabelos em outrora dourados.

Ainda com os cabelos molhados e entre os dedos, talvez pensasse que não a abordaria ou, ainda, não esperasse isso. Mas eu apenas sorria sonolento. Pensando no que completar com a grafia torta de um balançar incessante.

Em um ônibus que ficava em meio a um caos de um já atrasado sujeito – eu – e sempre me faltando o brilhar dos dentes (não que esses me faltem). Não faltaram risadas quando vi que não eram quem pensei. Escrevi isso antes que a memória me apague.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Na Chuva


Entre merda e lama, na chuva, é tudo igual. Mas eu prefiro me magoar do que fazer isso com alguém que eu amo.

E nesse momento exato o céu chorou, como faz todas as vezes nas quais me ferem o coração, mas no final ele sempre se acostuma com mais essa dor – outro amor perdido. As aventuras dele nessa selva de sobrenome vida. Cheia de impossibilidades, pois se quisesse o mais simples não seria ela mesma de nome escondido.

Entre lágrima e tristeza, na chuva, é tudo igual. Mas vocês preferem me ver sorrindo do que lamentando os momentos não vividos ao teu lado.

Desde que arquivamos outros casos e empurramos com os pés, cheios de raiva, aquelas gavetas cheias de alguéns. Vazias de nós, vazias de um eu e de um você. Vencidos pelos medos, derrotados antes de lutar.

Jogado a lama. Entre ela e eu, na merda, esticando os lábios e os dentes. Fazendo dos meus curtas os sucessos do momento, sem esperar seus comentários. Nas trocas de letras nas palavras e das formas, porque agora elas são disputadas palmo a palmo, mas amanhã ou hoje estarei sentado escrevendo e só, me acompanham minhas folhas, a velha caneta e o alcatrão.

A chuva molhando e borrando tudo que grafo em teus olhos ou nos olhos das outras. Me dominam a ira e as frases. Me domina a vontade, fique à vontade. Onde a vontade fica?

Enquanto prolongo por mais uma noite bailando no meu quarto de mãos vazias, cheio de orgulho por não sofrer os maus ou os bens. Havia em tudo um breve sentido, que abreviou-se ontem e amanhã serei tanto quanto hoje sou... o escritor, o poeta, o solitário.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sob Vertente


Sai de tanta beleza em tua pele que mesmo os anjos se questionam se és uma Deusa ou mais um deles. Divina Luz, ela que abordou uma frase minha e diz que a subversiva foi posta por ela pra que não se aproximem. Não me arriscaria, se eu não descrevesse o que aqueles olhos, que me encantam, pra onde eu gostaria de ir.

Ando ainda me entupindo de nicotina enquanto não posso passar das tintas das folhas e te sinto perto ou longe delas por noites seguidas, por dias inteiros. E vem vagarosamente caminhando sobre essas folhas escondidas, vem em seu poema que insiste em ficar preso aqui na ponta da caneta, esperando o momento em que poderá, ansioso, desenhar você nas palavras.

Enquanto te imagino ainda é possível deixar o sacarmos de lado e, por alguns instantes, se fazer sorrir, nos fazer feliz. Só entendo teu olhar, mas ainda não posso te escutar. Não antes de dizer sim.

Azeda


O azedume que deixaste em meu pensamento foi apenas se devo te dizer, outra vez, que tua boca se encaixa perfeitamente na minha ou se devo calar-te com prolongados minutos ou horas de troca de línguas? O que deve fazer é não dizer nada, pois tudo o que disse já casou um azedume.

Destilada ou ao natural me parece tão saborosa que quase não consigo deixar o fluxo das palavras fluir, mas são um rio e, às vezes, em enxurradas. E os dedos – ainda que calejados – escrevem como se fosse música. [Espero ter causado um sorriso].

Mas nestas, as músicas, onde você se faz presente em minha vida. Onde eu te encontro sempre no lugar certo e exato. Ainda que meus olhos tentassem te esconder. Pude te encontrar, minha Azeda. Pude te provar que é Doce no tanto que percebe-se Azeda. E que sabes fazer que a canção aconteça.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Minha Princesinha



Vou ver Alice, que quase me assustou e pegou a todos de surpresa por querer chegar uns dias antes nesse mundo, que já me fez chorar. Mas sorri por uma noite inteira.

Conseguiu em poucos meses o que vinte anos não foram capazes. Amor fraterno. Um alguém pra botar no rosto da avó alegria nos espaços que sobravam.

Ela, Alice, com seu ar soberano e que tanto sossego que dá vontade de ficar, dá vontade de acompanhar seu sono e seus murmúrios.

A Princesa do tio nasceu ao Maio pelo dia 7 e no meio da madrugada.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Anônimo


Casa de Marimbondo, não mexe com a minha boca, me deixe em pensamentos, não mexa em meus pensamentos. Se teme os resultados dos que os outros possam te dar, imagine eu de calo, nem me calo. Temor de frios, falo. Cuspindo Marimbondos, minha boca um Vespeiro.

Solene e gracioso, mas cheio de maldades. Casa de Marimbondo. Pensou que andava livre e tropeçou nas minhas letras. Achou que criou asas e voou feito uma garça, bebeu da minha água e tentou desatino. Bebeu da minha água, a água é minha.

Mexe comigo não. Deixe-me calado no meu canto, Casa de Marimbondo. Vespeiro. De boca calada sou até teu amigo, só não mexe comigo. Cuspo os Marimbondos e cuspo mesmo. Casa de Marimbondo. Vespeiro.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Autor


Eu, autor de tantas tristezas e poucos sorrisos, fico lisonjeado quando posso lhe ver sorrir com minhas tristezas, com todas as minhas loucuras e com as minhas fantasias. Eu sou poeta e disso eu não largo. Largo dos amores, que podem também me largar, escrevo por não derramar as lágrimas em gotas e, sim, em palavras. Amo só pra sofrer e escrever o que o amor me faz sofrer.

Minha cabeça, ultimamente, é gleba e fecunda sempre um alguém – mesmo que vocês existam – para ter, assim, algo com o que gramar as tais dores causadas pelos amores dos quais deixo ir, ainda que nem todos valham à pena ter e outros que nunca quis que fossem. Não posso pronunciar certos nomes ou outros textos, me proibi, mas fazem parte de algo que decidi que era quase vida, foi por gnose.

Autor de mim mesmo, componho os finais antes do início para que os dramas ou suspenses não me façam suar os poros, para que os meus anseios não descrevam sobre as páginas letras e evaporem aos teus olhos, como se fosse a própria. Não queira ser a dona de todas as minhas mentiras.

No final da noite ou da linha eu vou ainda despontuar algo do lado de fora de minha fortaleza pensando, após alguns tragos nessas figuras, o que tenho a dizer para que teus olhos se encham, novamente, das letras ou de mim.