terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vacas gordas




Na terra de onde os pastos já haviam secado e que, se visse uma vaca magra já era alegria, vinha andando, de pés descalços, João, que poucos números sabia. Não era solitário, pois o sol que lhe rachava a pele se fazia presente até acabar a lida, até que a lua chegasse e fora se aprumar ao chão de onde ainda havia um punhado de feijão e a vagem que plantara. Sentia fome de dia e a noite comia, mesmo que contanto os grãos.

Em uma dessas andanças pelo povoado, que quase gente não existia, vislumbrou umas moedas em uma aposta à toa. Os números foram ao esmo e, em um lugar tão ermo, João foi premiado. Os zeros eram muitos e fez a sua vida nadar no paraíso.

Primeiro foi a mudança: saiu do semiárido e comprou uma fazenda no meio de muito verde. As vacas eram gordas e até davam leite. Ficou bestificado com tanta modernidade e farto de comer carne.

Um dia veio até ele um nobre conhecido, daqueles temos secos, que fora para cidade grande em busca de dinheiro. Não via há muito tempo e o amigo ficou na casa e ir embora nem era a intenção. Comia o dia inteiro, não madrugava com João.

De anfitrião a incomodado, João pegou dois gados e disse que os vendesse, mas bem longe de seu lar. O amigo obediente juntou os seus pertences e se pôs a galopar. E quando já distante mandou foi um postal, mas não agradecendo e, sim, para João dizendo que já queria voltar.

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