sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Hoje em prosa, por favor


Querem esconder minha poesia. Tentaram esconder minha poesia no fundo de uma gaveta e por lá que ficasse esquecida as letras espalhadas sobre muros. Mesmo é o que o agora e o futuro me reservam.

Abri corrimãos de pensamentos e os transcrevi com minha infiel e inseparável caneta preta, que confesso já fora azul. Dali em diante só pensei em fechar os olhos para falar de você, mas fiquei todo tempo calado, pois os olhos abertos queriam dizer o fascínio que é te mirar no meu fronte.

Se antes a silhueta já não era o que importava imagine agora que é a vez de meu rebento me fazer escrever por ele. Não mais naquele “Maio”. Não mais suplicando o recanto, ainda nas ladeiras surdinas.

Era em verso, hoje em prosa a felicidade que é a nossa, hoje em prosa a poesia que estava na gaveta e pronde deve voltar enquanto estiveres nos seios, mas que não deixaria de registrar a beleza e ressaltar as curvas que as palavras que amo contornam na mulher que me falta o fôlego para dizer o amor.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A Volta do poeta

As palavras que ontem foram escassas hoje estão abundantes, que quase lastimam o tempo que não me serve mais. Os amores que ontem eu chorei são pequenos pedaços de laços sem nó, sem dó, pois deles só os sorrisos ficam. Hoje as mãos estão novamente unidas e partindo por essa avenida vou mostrar o que escrevi nas três linhas necessárias para dizer que escrevo por e para você, minha amada, de onde faço morada e anuncio que a temporada de amar em papel está aberta.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Adeus da Minha Menina

Há cerca de vinte minutos meu telefone tocou, quando vi o nome da pessoa que me ligava já imaginei a notícia que infelizmente recebi. Hoje, por volta das duas da manhã, Minha Menina Camila Mariah nos deixou. Meus olhos ainda não estão repleto de lágrimas, apesar da primeira ter caído há pouco. Ainda não me bateu o desespero, acho que esse não me bate mais, mas estou completamente arrasado por dentro. Lembro daquela garota que conheci em 2003, que dentre outras coisas sempre me deu um sorriso maravilhoso, dos cabelos que um dia já foram cacheados, depois curto, depois dourados. Hoje ela me deu adeus, eu só posso desejar que os familiares sejam abraçados e confortados por essa dor inestimável da perda, da perda de uma pessoa que tinha todos os diferenciais possíveis, de uma pessoa que era além da imaginação. As lágrimas começam a tomar conta de mim.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vacas gordas




Na terra de onde os pastos já haviam secado e que, se visse uma vaca magra já era alegria, vinha andando, de pés descalços, João, que poucos números sabia. Não era solitário, pois o sol que lhe rachava a pele se fazia presente até acabar a lida, até que a lua chegasse e fora se aprumar ao chão de onde ainda havia um punhado de feijão e a vagem que plantara. Sentia fome de dia e a noite comia, mesmo que contanto os grãos.

Em uma dessas andanças pelo povoado, que quase gente não existia, vislumbrou umas moedas em uma aposta à toa. Os números foram ao esmo e, em um lugar tão ermo, João foi premiado. Os zeros eram muitos e fez a sua vida nadar no paraíso.

Primeiro foi a mudança: saiu do semiárido e comprou uma fazenda no meio de muito verde. As vacas eram gordas e até davam leite. Ficou bestificado com tanta modernidade e farto de comer carne.

Um dia veio até ele um nobre conhecido, daqueles temos secos, que fora para cidade grande em busca de dinheiro. Não via há muito tempo e o amigo ficou na casa e ir embora nem era a intenção. Comia o dia inteiro, não madrugava com João.

De anfitrião a incomodado, João pegou dois gados e disse que os vendesse, mas bem longe de seu lar. O amigo obediente juntou os seus pertences e se pôs a galopar. E quando já distante mandou foi um postal, mas não agradecendo e, sim, para João dizendo que já queria voltar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Crônica da Baía


Quando parar esse cenário de um mar manso, quase morto, de um morro exuberante ao fundo e as embarcações descansando em seu espelho imundo, acho que mudarei de ideia de morrer por aqui.
Mas se me deparo com uma foto sua, mesmo que degradada, ainda é um encanto, um sorriso, aquele que não é de lado, daqueles bem espalhados pelos olhos. Mas não cansam de derramar-lhe óleo e fincar cifras apenas para o retorno, nada pensado em povo, nada pensado nele.
Quando nos armarmos de toda a sabedoria que nos permite o conhecimento, não mais alento, mostrando que todos, finalmente, entendemos que as terras são pertencentes ao conjunto e não ao clero. Que a Baía, apesar de calma, ferve não só em clemência, pois fora embora a paciência se assustarão ou não. Porém não terão na força do spray de pimenta e nem do porrete alado o que precisarão para nos deter.
Quando eu der a mão a você e você ao seguinte, sem distinção do que ele seja – preto ou branco, rico ou pobre – poderemos olhar a Baía do Rio e, não mais, dos ricos. Com os barcos a flutuar sobre o espelho do necessário. Deixando de lado essa merda que um dia implantaram.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

(Sem título)

Que me venha você que já sabe que já é você. E sabe que as canções já foram suas e serão as suas vozes a minha.
Nem que uma lágrima eu force abaixo dos olhos para a doçura que não está em minhas palavras - a luxúria as domina.
Antes que me chame e eu olhe em teus febris olhos, toque em minha mão, me dê motivos para sorrir. Por enquanto, eu vou na secura de choros e sem amor, sem amar, sem palavras.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Solo


Solos de corações, solando as partes internas do corpo. Assolando as pendências da vida. E delas, onde era solado virou andança. Ponha um ponto de partida, a chegada pode ser dar o primeiro passo. Onde pude vencer, já não era seu apêndice da sua vida, era apenas a minha coluna e meus pulmões gritando.
Abrem-se as alas, pois quero passar com os meus passos curtos intimidados sorrindo pela vida, pelos quadros, pelo passado. Era uma dança frenética de poucos passos, limitado ao de cá para lá.
Mas já fui passado ao desgosto, ao solo de até sentir o gosto que este me oferecia. E sorrir aos dentes brandos o teu corpo, que já me afastei deste mal, que já ‘nebulou’ e encharcou o meu solo, que não já posso mais lhe sentir e nem ver.
Antes ter em mim um ser de gênero que permanecer um genro calado, mesmo que, me apartasse sobre os descansos da sala, ainda que me deixado vazio, sintetizei um brado em um escritor das andanças, mas só eu posso traduzir meu “solo”.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sem Ordem



Beijei sua testa, desci a Ladeira com toda a pressa de quem não quis chegar.
Tranquei a porta, andei olhando os pés calçados para sujar o chão.
Lavei os pratos e arrumei tudo. Todo papel tem ordem de lugar.
Cresci a letra, corri bastante para não errar.
Falei com sede, quase dormindo, quase com sono, que quer me cansar.
Uma dor de mágoa ou dor nas vestes, nem sei qual delas irá doer.
Sem tempo fico até sem noção, já com certeza não sei que dia estou vivendo.
A luz apago às quatro horas, mas daqui a pouco estou de pé.
Beijo sua testa, olho pros pés e tranco a porta na esperança de poder mudar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Na tua casa, tua cama


Isso pode ser amor muito maior do que eu poderia te dar, mas, com certeza, não te dará o sorriso que fui capaz, nem as múrmuras de luxúria e afagos. Dormir em sua cama era quase um devaneio, teus seios, teu corpo em chama, noturno.
Me punha em ti como se ainda fosse pureza, não te falta beleza. Mas falta me faz. Recordações trarei, por quanto não sei. Ele pode até te amar demais, mas não é capaz, não te satisfaz.
Quero ser o ser que te aponta o lábio, que puxa o cigarro, que te perturba a mente. Eu sou prazer, prazer em conhecer, prazer em você.
Em mim estará marcada, como uma mancha que tenho na perna, te observarei, não te esquecerei. Se for sentirei falta. É parte do meu corpo. Este que já se desfez de todas as vestes em teu quarto e dormir na casa alheia é supra-sumo quando não se dorme.
Nisso que teu amor se transforma é o que a sua cama fora durante a minha permanência, um fluxo de idas e vindas. Só que as minhas eram as que te deixavam preparada para mais, você sempre pedia mais.
Dos laços que te dei, de onde me tirou, das diversas cartas e poesias que te fiz, que seja, que agora eu siga outras fontes. Os mares revoltos, as marés “esbravejantes” virão me molhar, me levarão e, junto, as minhas palavras que te diriam dos teus olhos e que não dou o último trago no cigarro para me entorpecer na sua boca.

Com amor


Mais que qualquer amor você me deu alegrias, sorrisos. Suas bordas azuis, que o céu nem se compara. Ao entardecer ou já na noite você era abrigo – perto ou longe.

De certo não te vejo como o mais mitológico, mas, sim, o mais majestoso e mais bonito. Era ainda um aperto sufocante, onde se viam os rostos mais felizes do planeta e muitos sorrisos, por vezes, mesmo que faltassem os dentes.

Como me recordo de você das enumeras vezes e, mesmo quando, o destino final eram outros. Lhe ver pela manhã já era uma felicidade.

Ao passar por você, de tempos em diante, tenho quase soluçado de tanta tristeza, de tanta maldade, nem é por caridade, é só por soberba. E seus outros amantes também têm sofrido, pois é por ganância que te puseram abaixo, que te fizeram “enfeiar”, que vão te dar ares de Europa e que destruíram você.

Desta vez não será mais pra sempre e nem nos nossos domingos, somente aos domínios. Eu vou sentir saudades. De seu eterno ouvinte, de ser o seu eterno apaixonado. Adeus Maraca.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Que seja


De veras és tudo o que, nesse momento, me fez bem. Me entreguei de fronte em ti e me vi parado diante daquela rua que percorri tantas vezes destemido.

Só mesmo os meus cupinchas para me colocar em seus ombros amigos. E somente eu para ir de encontro a outra água, mas você é meu minério. Você é quem me alimenta os olhos, fomenta os meus gostos e diagnostica os meus desejos.

Ainda não aprendi como não querer sofrer por não lhe ter. Quero ainda, ainda sem ser forma de dizer, te olhar profundamente em qualquer hora e lugar. Não aprendi a dizer para não ir, deixei sem que eu quisesse.

Que fiquem longe as comparações, mas fui capaz de andar em sua direção, agora não vou por onde queria seguir.

Jamais direi adeus. Nem sei se, novamente, direi olá, nem se ainda a vida oportunidade de sorrir. E enquanto não espero a felicidade me deixo em simples sustento de pé.

Quando tiver a coragem distante te mandarei flores, pra te fazer sorrir e chorar. Mesmo que seja escolha eu citar qualquer palavra que escutava de sua boca.

Talvez de tanto me esconder deixei de mostrar quem sou. Que me aplaudam nos últimos versos ou que apenas se lembrem que abreviaturas também significam alguma coisa. E nem me atrevo em dizer que nunca mais podem ser.

domingo, 31 de julho de 2011

Carta de Despedida


Pensei em escrever uma carta de despedida. Pensei seriamente em me despedir, eximir meu rosto das lágrimas, da crueldade que é deixar ir. Queria fugir de todas as dores, mas preferi encará-las e sofrer as conseqüências.

No ensaio – rascunho – desenhei ponto e vírgula, mas não consegui desprender os meus olhos dos teus, mesmo que vir-te partir. E num ato paradoxal pedir-te que se vá, mais uma vez, que parta e que siga ao revés da minha dor, noutro caminho, em outro patamar.

Desenfreadamente penso em forma póstuma, mas não desejo que venha antes que possa desgrenhar-me em vida de tudo o que não pode me pertencer.

Como majestade lhe pedi um laço enquanto queria desatar de meus braços os teus, eu te questiono se ainda terei os passos necessários para que, nessa andança ou na dança, acompanhe os seus?

A resposta fora dada e vi que melhor seria não olvidar. Sentei para repensar sobre os fragmentos e preferi a estrada e o meu pilar. Só agora pude deitar em meu uru, fintei um casulo, pois era no teu leito que me sentia completo.

Eu já me coloquei nesses parágrafos e me mudei, mas nem toda mudança é para melhor. Estou indo olhando para trás sem querer ter por onde ir. Um beijo cheio de letras e um abraço repleto de mim.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Laço

Ponha o dedo aqui

Faça um laço comigo

Sorria no final

Me cative após uma dança

Crie aqui um passo

Aqui de dentro do laço

Somente faça uma mudança

Sorriso teu, tão novo, de criança

Me fascine, você sempre o faz

Nunca me dê os dedos

Não cruze a paz de ser nosso

Ponha o dedo aqui

Faça um laço comigo

Sorria como em uma fotografia

Me deixe lembranças

Crie uma mensagem

Que remeta você na memória

Sorriso teu, tão novo, de criança

Se mude pronde quer que seja

Aqui o destino é o incerto

De lado ou por longe

Só não deixa de ser desejo

Deixe de ser eu

Quebre os protocolos e os espelhos

Amanheça, anoiteça e seja

Quando for se cale.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Partituras

"Não te diria que você é aquilo tudo o que eu precisava. Mas lhe faria três canções nas quais meus gritos pudessem esclarecer que você é parte da minha pele, quase um corpo meu. Te diria que não se guarda na língua os passos pra frente e nem nos olhos a vontade de ter, de ser aquele que corresponda às palavras que ainda não pude ouvir, pois enquanto escrevo calo tua boca com as novas anedotas e com a minha que pretende ir de encontro à sua."
"E que no final da noite você seja a poesia que eu escrevo, que seja ainda a musa das estrelas e minha inspiração. Quando terminar a noite que seja o céu e o meu dia, que não caia do pensamento e que me abrace com a mesma vontade de ontem e o mesmo sorriso de amanhã"

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Carta de Clementine


Clementine, ainda sinto saudades dos beijos em meus olhos – hoje sou eu quem deixo um carinho cada dia em que me ausento. Ainda quero te recordar, mesmo que agora o que se acumule lá fora sejam lágrimas falsas.
Eu sempre te imaginei em suas vestes, em dizer teu nome verdadeiro, em lhe desejar além de minhas palavras. Queria as tuas obscenidades e jogar-te ao solo em meio aos seus arquivos.
Ainda que inacabados os desejos e as letras discorridas e não publicadas.
Como se ainda pudesse enfiar as mãos por baixo do seu vestido e jogar-te contra a parede, alisar teus seios em uma vontade desenfreada e frenética até a exaustão. Dormir ao teu lado, deixar você dormindo ou que você me deixe.
Escrever um poema sobre você onde as minhas folhas já teriam secado, minha tinta não. Me dei o direito de calar por algum tempo, um meio de reflexão.
As fibras são abundantes em teu ser, porém nada há que melhor lhe defina que a palavra figurada ou a figura da imagem. Pois és tu a princesa dos devaneios, a flor das palavras, és o termo simbólico, simbolizando os desejos de muitos – os meus – e as vontades de todos.
Entrar em um parágrafo para definir você é como escrever um livro, como se isso fosse simples. Ainda que o abandone no início, meio ou final.
E que esse abandono seja do livro, do autor ou de seu leito. Eu, o autor de mim, que não sei me redesenhar em minhas letras e nem sei lhe cantar músicas ou te desejar. Mas que ainda volte quando quiser. Volte pra onde as noites sejam eternizadas e as manhãs esquecidas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Porta


Me deixa escrever. Me larga. Me deixa pôr a caneta sobre o papel. Não me deixe aos poucos, não olhe pra mim como se nada estivesse acontecendo. Me abandone antes que eu me doe pra você e doa.

Prender meus braços em sua volta é, ainda, um alento e o coração acelera, não dispara. E acalma e serena. Abranda, mas, de banda, caí por ti.

E agora não entendo se quero apenas as palavras ou apenas que você seja as minhas palavras. E descreva ponto a ponto.

Sentirei calado as palavras baterem de fronte em meu peito. Calado como eu me fui hoje, sem meias palavras. Apenas com um olhar.

Deixe que as palavras percorram as escadas iluminadas ou às escuras, descendo ou subindo. Rolando por elas.

A noite quero te escrever e te abraçar. Quero mesmo que as palavras possam ser o que você não ouça, escute apenas os passos e o som de seu telefone no meio da noite. Sabe que sou eu. Jogue a chave. Abra a porta.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Me tirou


Me tirou do anonimato aquele pedido inesperado. Luz. Nem que por uma noite, por uma semana. Me estendeu um sorriso no rosto, mas sei que haverá controvérsia, ciúmes.
Me tirou o fôlego enquanto o que lhe faltavam eram as palavras. Esmeraldina retina, retenha-me ou, se preferir, me tenha.
Me tirou pra dançar enquanto os pés eu trocava e dizia sorridente, em teu ouvido, as coisas que gosta de ouvir.
Me tirou de cena e causou um reboliço tamanho por não me conectar aos meus pares. E esse frio, em teu cobertor, é sempre verão. Me deixa tirar de você o que tem a me dar.

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terça-feira, 5 de julho de 2011

Pra onde apontar


Ah! Se liberte desse corpo

Deslize feito a caneta no papel – incessante

Cale a boca com prolongados choros

Ah! Sinto vontade de xingar

Pois eu preciso explodir para

Não morrer de angústia

Sopre forte mil nomes ao ar

Se te perder é doloroso

Eu preciso lhe ter comigo

São duas as razões: porque eu te amo e porque eu te amo

Quando escrevo de lá pra cá

Você acha que não faz sentido

Então vou escrever que te amo

Mas, mesmo assim, não vê sentido

Passe por cima e não leia atentamente

Que você entenderá as dezenas

De mensagens sem sentido que é

O tal do sentimento.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um abraço


Eu devolveria ou trocaria todos os presentes nesse dia em que as pessoas sorriem e ganham flores. Todos se emocionam, acham lindo, mas no final de semana seguinte inundam os shoppings para trocar por algo mais útil, que não aperte tanto.

Duvido que trocaria a felicidade e as gargalhadas que os meus amigos me proporcionam.

Esses exigem quase nada, ou melhor, nada que me faça achar que estou fazendo por obrigação. O meu interesse neles é recíproco: companhia, assuntos e carinho. Quando se é amigo isso é quase tudo que interessa.

No final de semana seguinte só precisamos ir ao shopping para aproveitar um cinema, pizza e refrigerante – no meu caso água “quente”. A amizade a gente não troca. Assim como não trocamos nossas cumplicidades – os nossos sorrisos e olhares não são comercializados. Eu trocaria todas as flores que dei e os presentes que recebi por um abraço de um amigo, pois esses são verdadeiros e eternos.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sou


Sou sem sinistros

Santo sem acaso

Sou sem soberba

Sereno sem anarquia

Sou sem sátira

Saudoso sem adorno

Sou sem suposto

Sábio sem arrogância

Sou sem sublimar

Sóbrio sem aquém

Sou sem sacrifício

Sincero sem agudez

Sou sem sistemática

Simplório sem aparato.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Simples amar


Falo o que é amor. Amor pode ser quando eu olho em minha volta e vejo tudo em neve e poesia. Quando as flores brotam em meu quintal. Ou quando falo de um amigo, aquele que defendo com todo afinco. Os mesmos que me fazem sorrir – me dão o norte da vida.

O amor somente é a forma mais agradável de estar com alguém. A forma de dizer meus devaneios com nicotina ou de poetizar aquilo que foi, que é ou que jamais será.

Ainda amo com toda a intensidade, com a veracidade que a hora permite. No inverno ou no verão. Ainda brilham meus olhos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Cicatrizes


Roberta Sá me cantou agora suas cicatrizes e as minhas ainda estão abertas e sangrando desde o carnaval. Desde que a vida me partiu em meios, em várias partes. Muito melancólico, segundo vocês dramáticos.

E escrevo para não dizer o quanto dói. O quanto de vocês contém nessa dor, nesse devaneio, nesse critério de sofrimento do meu coração.

Posto sobre a página aquilo que me dera, numa ordem de importância retroativa de vocês até mim. Eu de patelas ao chão a lembrar de todos os pecados nunca antes cometidos, por você.

Se me corrige: “as cicatrizes não sangram”, lhe digo que as feridas são minhas e, por vocês, sangram até as cicatrizes. Pois mesmo sem ser eu o amor, ainda me dói. Vocês eu já esqueci, mas não esquecem que as feri.

Confesse

Te confesse através de seu olhar, olhe para cá. Me veja te desejando e admirando o seu andar chuvoso na calçada nublada. Eu te escrevia toda manhã, te descreveria em toda frase.
Antes que eu vá embora me olha, repentinamente, flutuando sobre teus olhos, caindo sobre você. Não me deseje mais que te desejo, mas me deseje profundamente.
Me escreva só em você, em suas folhas, nos seus segredos. Nas rosas que empunhas, nas nuvens.
Volte em minha direção que desço ali, logo à frente – nada mais que cem ou duzentos metros – e te herdarei o sorriso que sei que me dará.

sábado, 4 de junho de 2011

Colcha de retalhos


Minha Menina do cabelo encaracolado, como se transforma... como me encanta. Era você no espelho e todos aqueles anos atrás. O sorriso de mesma sintonia, era você, era um espelho. Minha Menina sorridente, naqueles cachos te vi e te lembrei instantaneamente.

Chego a te ver em outros rostos. Você me mata e saudade me ressuscita.

Que em outrora me dera apenas fagulhas e me incendeia em todo o momento, me degrada a alma e o coração. Me agrada o paladar, me aguça a visão e me queima. Afinal me inspiro no ar que respiramos, pois se esse for amargo eu serei o amor e se for doce serei o que arde.

Que as letras que expus a você não se prendam ao papel, mas que ainda consiga olhar pra dentro delas e se ver por inteiro.

Sempre quis provar do gosto do veneno, que me rasgasse por dentro e abalasse todo o meu ser. Quero um veneno que é teu, único.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lágrimas


Há tempos não derramo lágrimas. Estou esperando encontrar alguém por quem derramá-las. E é aí que está o problema, esse alguém não me encontra e eu não consigo procurar um alguém que queira me encontrar. Não acho ninguém que queira procurar minhas lágrimas.

Enquanto isso só derramo as palavras que penso ser só palavras e deságuam meus pensamentos e se vão meus sentimentos.

Por enquanto não me bate à porta e nem ao coração um alguém que faça as lágrimas se aplicar nessa oração de palavras. Enquanto as explicações e as pessoas são só pessoas nas palavras e as palavras se fazem cair com cheiro de tinta inalada sobre o papel. Serão as pessoas as minhas orações de palavras.

Dentro do impossível nem tudo é improvável e as palavras se repetem sem que as lágrimas me venham.

Que me venha você que sabe que já é você e sabe que as canções já foram suas e serão as suas vozes a minha. Nem que uma lágrima eu force abaixo aos olhos para a doçura que não estão em minhas palavras – a luxúria as domina.

Antes que me chame e eu olhe em teus febris olhos, toque minha mão, me dê motivos para sorrir. Por enquanto eu vou na secura de choros e sem amor, sem amar, sem palavras.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Quero escutar


Os beijos que você hoje me cerceia são os mesmos que me dera, com vontade e alegria, em meio aos sons de euforia. Pode, então, me calar os sons de olhares alheios e fazer que te veja.

Me faça motivo pra respirar. Me faça você de eu de ser. Mas saiba falar o que te faz falta em mim, se faço falta à você.

Telefone mesmo quando o telefone estiver desligado. Me grite durante o dia e me chame à noite.

Fale primeiro você o que eu gostaria de ouvir, que te digo o que esperava escutar.

Foi embora (A história de Priscila)


Me vem um sorriso largo quando lembro da minha história de amor. Sorrio por que é loucura de pele, é loucura. Na pia, no fogão ou na sala. Eletricidade nada estática. O que valia era a mão na pele.

E quando chegou a tempestade e o molho desandou e nada mais era amor. Só as loucuras ficaram.

Chorei e me agarrei aos teus sapatos para que não fosse embora. Fingi que morri. Me tiraram tudo do estômago. Tudo menos ele, menos minha vontade de ficar com ele.

A vontade foi embora junto com o sujeito que me traiu e magoou meu coração.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Encontro


Me consome o corpo, desnude meu corpo enquanto dispo você de suas vergonhas. Não teria medo. Encontro carnal, pecados e sorriso. Jogados num corpo a corpo insaciável.

Te sopro aos ouvidos as mais variadas sacanagens envolvidas pela minha língua e seus arrepios. Enquanto suas unhas me rasgam a pele. Enquanto sua boca beija a minha.

Pura delinqüência decorrente do ardor de uma sexta-feira noturna. Onde éramos além de nós dois, onde eu era o seu amante. Envolvidos, envolvente, fomos nos aventurando entre coxas e lambidas, misturando carícias e agressividade. Explorando as nucas, os ombros e pescoços.

No fim, me encontrava na Praça da Bandeira com um cigarro entre os dedos. Te deixei sorrindo no táxi que seguiu até o endereço com um beijo entre os lábios depois de uma noite de loucuras.

domingo, 22 de maio de 2011

Sem Nomes


Compus algo em relação a ti

Tem três ou quatro acordes

Em nenhuma das cordas

O som era de saudade ou vontade

Eram as palavras que pregavam

De dois em dois segundos

Os seus olhos abundantes

E seu sorriso encantador

Eu pus sobre a mesa

As cartas da manga, descobertas

A música que sugeri

Quase nem por um triz

Quase sem que eu mesmo quis

Compus algo em relação

Era mais que imaculada

Te endeusei, mulher (ar de menina)

No meu refrão seria

O teu nome repetido

De nome e sobrenome

E ficou pra trás toda

Aquela pompa, mais dois

Ou três refrões

Mesmo que minha voz falte

Te cantarei o que lhe compus

A mulher linda, direção norte

A direção foi o destino que compôs.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Tinta e Papel


Ando me limitando ao tamanho da folha de papel. Ando sempre me atrasando. Ando sempre me atrasando. No caótico do óptico e das ruas envenenadas. As ruas se embebedam de sirenes e corrupção. Desde a recepção até o gabinete. Minha opinião sempre foi discursiva, mais do que discutida.

Ando à pé e ainda sorrindo. Quebrar alguns conceitos, mesmo que pra dizer que ando. E todo dia o caminho é um só, mesmo que varie. Às vezes não acordo domingo porque penso que ainda é sábado.

Ando sem paciência ou com inspiração em demasiado. Me apaixonando em cada verso e me calando em cada prosa. E as sombras que margeiam o meu rosto cansado.

Ver que noticiam tudo o que me influencia mais me irrita do que me alegra. Comigo quem faz par é o meu ser, o mar. Ando até ele. Mas nada tem cor.

E por falar, só quero um beijo da Minha Menina e todas as amarguras das vidas que já souberam amar e, hoje, já sabem sorrir. Andam brilhando os olhos e os meus por elas.

Se ainda querem saber não sei quem lhes trouxe até aqui, que não se afastem. Que eu te escreva dois versos. Que eu escreva a crônica das nossas vidas. Que a vida imprima e revise.

Ainda não decidi se acaba com amor ou louvor. Sei que não deixarei o fim bem claro, o que não é raro. Vou pôr fim com um bem merecido ponto. Desponto da esquina e não desaponto os olhos. Já descobri onde fica a vontade: jogada à beira da rua.

Lua


E se descer às portas vazias sem falar comigo seria quase hilário, pois te confundi com outra pessoa. Mas acho que me dera um ou dois sorrisos no percurso e, que não parava de olhar enquanto mexia em teus cabelos em outrora dourados.

Ainda com os cabelos molhados e entre os dedos, talvez pensasse que não a abordaria ou, ainda, não esperasse isso. Mas eu apenas sorria sonolento. Pensando no que completar com a grafia torta de um balançar incessante.

Em um ônibus que ficava em meio a um caos de um já atrasado sujeito – eu – e sempre me faltando o brilhar dos dentes (não que esses me faltem). Não faltaram risadas quando vi que não eram quem pensei. Escrevi isso antes que a memória me apague.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Na Chuva


Entre merda e lama, na chuva, é tudo igual. Mas eu prefiro me magoar do que fazer isso com alguém que eu amo.

E nesse momento exato o céu chorou, como faz todas as vezes nas quais me ferem o coração, mas no final ele sempre se acostuma com mais essa dor – outro amor perdido. As aventuras dele nessa selva de sobrenome vida. Cheia de impossibilidades, pois se quisesse o mais simples não seria ela mesma de nome escondido.

Entre lágrima e tristeza, na chuva, é tudo igual. Mas vocês preferem me ver sorrindo do que lamentando os momentos não vividos ao teu lado.

Desde que arquivamos outros casos e empurramos com os pés, cheios de raiva, aquelas gavetas cheias de alguéns. Vazias de nós, vazias de um eu e de um você. Vencidos pelos medos, derrotados antes de lutar.

Jogado a lama. Entre ela e eu, na merda, esticando os lábios e os dentes. Fazendo dos meus curtas os sucessos do momento, sem esperar seus comentários. Nas trocas de letras nas palavras e das formas, porque agora elas são disputadas palmo a palmo, mas amanhã ou hoje estarei sentado escrevendo e só, me acompanham minhas folhas, a velha caneta e o alcatrão.

A chuva molhando e borrando tudo que grafo em teus olhos ou nos olhos das outras. Me dominam a ira e as frases. Me domina a vontade, fique à vontade. Onde a vontade fica?

Enquanto prolongo por mais uma noite bailando no meu quarto de mãos vazias, cheio de orgulho por não sofrer os maus ou os bens. Havia em tudo um breve sentido, que abreviou-se ontem e amanhã serei tanto quanto hoje sou... o escritor, o poeta, o solitário.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sob Vertente


Sai de tanta beleza em tua pele que mesmo os anjos se questionam se és uma Deusa ou mais um deles. Divina Luz, ela que abordou uma frase minha e diz que a subversiva foi posta por ela pra que não se aproximem. Não me arriscaria, se eu não descrevesse o que aqueles olhos, que me encantam, pra onde eu gostaria de ir.

Ando ainda me entupindo de nicotina enquanto não posso passar das tintas das folhas e te sinto perto ou longe delas por noites seguidas, por dias inteiros. E vem vagarosamente caminhando sobre essas folhas escondidas, vem em seu poema que insiste em ficar preso aqui na ponta da caneta, esperando o momento em que poderá, ansioso, desenhar você nas palavras.

Enquanto te imagino ainda é possível deixar o sacarmos de lado e, por alguns instantes, se fazer sorrir, nos fazer feliz. Só entendo teu olhar, mas ainda não posso te escutar. Não antes de dizer sim.

Azeda


O azedume que deixaste em meu pensamento foi apenas se devo te dizer, outra vez, que tua boca se encaixa perfeitamente na minha ou se devo calar-te com prolongados minutos ou horas de troca de línguas? O que deve fazer é não dizer nada, pois tudo o que disse já casou um azedume.

Destilada ou ao natural me parece tão saborosa que quase não consigo deixar o fluxo das palavras fluir, mas são um rio e, às vezes, em enxurradas. E os dedos – ainda que calejados – escrevem como se fosse música. [Espero ter causado um sorriso].

Mas nestas, as músicas, onde você se faz presente em minha vida. Onde eu te encontro sempre no lugar certo e exato. Ainda que meus olhos tentassem te esconder. Pude te encontrar, minha Azeda. Pude te provar que é Doce no tanto que percebe-se Azeda. E que sabes fazer que a canção aconteça.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Minha Princesinha



Vou ver Alice, que quase me assustou e pegou a todos de surpresa por querer chegar uns dias antes nesse mundo, que já me fez chorar. Mas sorri por uma noite inteira.

Conseguiu em poucos meses o que vinte anos não foram capazes. Amor fraterno. Um alguém pra botar no rosto da avó alegria nos espaços que sobravam.

Ela, Alice, com seu ar soberano e que tanto sossego que dá vontade de ficar, dá vontade de acompanhar seu sono e seus murmúrios.

A Princesa do tio nasceu ao Maio pelo dia 7 e no meio da madrugada.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Anônimo


Casa de Marimbondo, não mexe com a minha boca, me deixe em pensamentos, não mexa em meus pensamentos. Se teme os resultados dos que os outros possam te dar, imagine eu de calo, nem me calo. Temor de frios, falo. Cuspindo Marimbondos, minha boca um Vespeiro.

Solene e gracioso, mas cheio de maldades. Casa de Marimbondo. Pensou que andava livre e tropeçou nas minhas letras. Achou que criou asas e voou feito uma garça, bebeu da minha água e tentou desatino. Bebeu da minha água, a água é minha.

Mexe comigo não. Deixe-me calado no meu canto, Casa de Marimbondo. Vespeiro. De boca calada sou até teu amigo, só não mexe comigo. Cuspo os Marimbondos e cuspo mesmo. Casa de Marimbondo. Vespeiro.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Autor


Eu, autor de tantas tristezas e poucos sorrisos, fico lisonjeado quando posso lhe ver sorrir com minhas tristezas, com todas as minhas loucuras e com as minhas fantasias. Eu sou poeta e disso eu não largo. Largo dos amores, que podem também me largar, escrevo por não derramar as lágrimas em gotas e, sim, em palavras. Amo só pra sofrer e escrever o que o amor me faz sofrer.

Minha cabeça, ultimamente, é gleba e fecunda sempre um alguém – mesmo que vocês existam – para ter, assim, algo com o que gramar as tais dores causadas pelos amores dos quais deixo ir, ainda que nem todos valham à pena ter e outros que nunca quis que fossem. Não posso pronunciar certos nomes ou outros textos, me proibi, mas fazem parte de algo que decidi que era quase vida, foi por gnose.

Autor de mim mesmo, componho os finais antes do início para que os dramas ou suspenses não me façam suar os poros, para que os meus anseios não descrevam sobre as páginas letras e evaporem aos teus olhos, como se fosse a própria. Não queira ser a dona de todas as minhas mentiras.

No final da noite ou da linha eu vou ainda despontuar algo do lado de fora de minha fortaleza pensando, após alguns tragos nessas figuras, o que tenho a dizer para que teus olhos se encham, novamente, das letras ou de mim.

sábado, 30 de abril de 2011

Um olhar de despedida


Um olhar de despedida

Como se quisesse ficar

Como se quisesse que eu fosse

Inda se quisera me ver

Anda quando olha pra trás

Como se quisesse me ver

Como se quisesse que eu fosse

Quando partiu sofreu

Quanto partiu os laços

Como se quisesse sofrer

Como se quisesse que eu fosse

Me olhou pela última vez

Me olhaste já de certa distância

Como um olhar de despedida

Intempestiva Tempestade


Se molhas o meu chão, minha terra, meu abril, minha letras e vontades. Me molha e encharca meus títulos, meus amores, minhas peças, meus diálogos e monólogos. E quando parecia que foste embora cai de novo, como meu choro, beirando o mês de maio.

Me toma de assalto um afogar em poças de lágrimas e de águas caídas. Me prendo às bordas, mas me leva pra dentro desse turbilhão, desse sofrer intenso que é o anúncio do inverno. Quando molham minhas rosas e me rasga a angústia em ter os pés frios. E quando, mesmo a nicotina, não consegue me acalmar e, mesmo assim, me interroga.

Da minha cama posta por aí, feito de cigano, molhada das penosas lágrimas derramo noite por noite – minha tempestade. Os alagamentos em frente a minha porta, as enchentes das palavras que não se calam.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Mesmo as palavras


Já debruçada sobre minha escrita

Te vejo de olhos brilhantes e

Sorriso estampado. E essa minha

Escrita de velhas frases te encanta

Enquanto as letras passam de palavra

Em palavra em um movimento

Quase sistemático entre elogios e

Melancolias ou intensos prazeres.

Enquanto debruçavas sobre mim escrevia

A lhe ver os olhos brilhantes e

Qualquer sorriso. E essa minha

Escrita com frases velhas te encanta

Enquanto passam as letras de mãos

Em mãos em um singelo movimento

Quase que romântico entre carícias e

Amores ou irreverência incomum.

Quando debruçaste sobre nós escreveram

Os nossos olhos vermelhos e sem

Sorriso algum. E essa escrita alheia

De frases modernas te alertam

Enquanto as letras passam de palavra

Em palavra em um movimento

Quase errante entre segredos e

Cochichos ou expressões arrogantes.

Ainda debruçada sobre esta escrita

Vejamos com olhos ofegantes e

Sorriso de lado. E essa escrita

Minha de frases lavadas te induzem

Enquanto passam as letras de mãos

Em mãos em apenas um movimento

Quase de maldade entre falácias e

Mentiras ou saberes fúteis.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Doce e Amargo

Falo com toda brutalidade meus pensamentos esperando sempre um sorriso que, no final, quase que rotineiramente, aparece. Deixo você sem fôlego em um desenrolar de línguas que saltam devassas de bocas insanas e fazem escândalos aos teus olhos, me morde.

Em nosso coito calado nas sombras ou à luzes que não escondem as mãos e os toques sem pudor e os suspiros cheios de tremor, cheios de voracidade e é quando para me olhando que vejo que o desejo já alavanca o meu membro, que enrijecido pede que procuremos um jeito de abrasar e degustar os nossos sexos, um ao outro e saciarmos as vontades que já não cessam mais os segredos, estes ainda precisam ser guardados.

E se pego teus cabelos, delicadamente forte, vai à loucura, desço dedilhando seu corpo, meu instrumento musical – gemidos e sussurros. Beijo teu colo e teu pescoço, entre teus seios, mordo tua nuca, marco você de arrepios prolongados. Sorri. Sorria novamente. Me dê prazer, se abra para mim, lance tuas vulnerabilidades em meu corpo, se delicie. Quebre os protocolos, jogue ao chão os preconceitos. Se agarre nas paredes, se agarre em mim, navalhe minhas costas com suas unhas afiadas no encontro de nossos falos. Suados de calor e no calor do sexo, ao ponto.

Em meio aos sorrisos deixo seu corpo sonolento e sigo minha hora, não posso deixá-la esquecer que não sou quem espera. Ainda haverão outros sorrisos, mas que não se acostume com eles, um dia lhe farei chorar. Sempre faço isso – eu sei que choram escondidas nos banheiros – mas o faço bem, com toda doçura que precisam.

domingo, 17 de abril de 2011

Maçã Verde

O cheiro de Maçã Verde inda está entre os meus dedos, entre os meus lábios. Dos mesmos quais faltaram os teus para completá-los, mas entendo se as maldades os afastaram.

Donde não pude alcançar veio teu sorriso e todos os seus novos sons. Então deu o tom do qual ora sorrisos ora fechava os olhos.

O Poeta deixa apenas o tempo correr mesmo com todas as facas que possam enfiar em seu coração, não se importa em vê-la saracoteando sobre as mesmas adagas que me apunhalaram, como fosse o veneno e o antídoto e que em outra hora foste vacinado em todas as doses recomendadas.

Quando remeter essa carta ainda vão pensar que partilhamos, além de nossos ótimos papos on ou off, doutros sentimentos. Surgirão dúvidas e certezas, sugestões e indicações. Mas eu vou continuar escutando suas músicas e seus batuques, ainda será minha Musicista, minha amiga e de nobre companhia.

Eu, o Poeta, só não poderia deixar que o gosto de Maçã Verde passasse em fumaça e cinzas esquecidas aos chãos boêmios, as nossas boemias, da Lapa.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Horta


As terras daqui são de fertilidade tamanha que de quase tudo tem. De quase tudo se gosta também e de nada se perde.

Mesmo assim, sinto saudades daquilo que não tem mais, dos gostos que já me abordaram a boca e adoçaram a vida. Ainda me lembro das carambolas que, ora bolas, tinham o suco da existência dos meus sorrisos, enquanto infância. E as jacas que tanto pesavam e aguçavam os gostos alheios, caiam repentinas, normalmente vespertinas, quando o sol passava à pino. Aquelas goiabas vermelhas já desciam das telhas direto nas mãos ou que ainda fosse necessário subir ao pé para buscá-las. Dos sapotis só os morcegos e a Sapucaí têm saudades, nunca provei do gosto doce delas.

Algo temperado como essas terras de hortelã, manjericão, alecrim e louro dispenso os sais que me oferecem em outros pratos. Minhas massas já se acostumaram com as variações que busco lá fora.

Dentre as folhas que tantas são se destacam as flores, não as minhas. Mas as samambaias, bromélias e coqueiros as destacam. As belas rosas, as flores de bananeira e o solitário gira-sol que, às vezes, some.

O que comer ainda me dão, não me canso das amarguras, das pitangas. O papaia já foi providenciado para adocicar o que o cacau já acimentado não pode mais me dar. Não sei por quanto tempo ainda vou ficar por aqui, talvez plante duas mangueiras para pôr minha rede e olhar para o futuro com mais calma aqui do meu quintal.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Ao ar livre


Eu gosto é do vento na cara. Gosto de atravessar a “Portinha”. De todas aventuras sobre o Aqueduto, por cima dos arcos, olho e vejo as minhas ruas preferidas, as mesmas que são profanadas e promíscuas.

Me espremo entre os postes inúmeros das ruas colônias desse bairro. Estico o corpo como em um alongamento desafiador, que hora posso noutra não. Sinto mesmo o prazer e a emoção de me esticar de fronte ao perigo, enquanto isso, olho sempre as mesmas janelas e bonecas de barro, que não saem de lá – quase todas feitas por aqui mesmo às “Portas-abertas”.

Falando ainda de olhar, vejo no meu trajeto verdades e mentiras, subindo a Almirante, olhando os horizontes, igrejas e ladeiras, já fui muito à do Castro, os espaços são tomados pelas nossas construções, mas nem sempre deixamos de ver as belezas. Vamos de estação por estação: do Curvelo com seus museus e cultura de fronte para a mais bela Baía ao Guima – só para os íntimos – onde podemos nos fartar desde o Pimenta até o Mineiro, às vezes, o Canto da Boca, e é difícil não encontrar alguém no Gomes, Esteves ou na Fatinha e partindo pro Largo das Neves e seu aconchego e tranqüilidade diversa.

Minha alegria em andar no estribo do nosso bonde no nosso bairro, Santa Teresa. Só fiquei um pouco triste quando cheguei em casa e minhas rosas estavam murchando, pois um breve inverno se aproxima.

sábado, 9 de abril de 2011

Das viagens


Ainda me lembro daquelas ruas, eu, boêmio, solitário e todas aquelas ruas só para as minhas pernas forasteiras olharem e degustarem delas – quase silenciosas – onde o ar tinha efeito e gosto diferentes. E também recordo dos pés passando ao longe, lentos e supérfluos.

Que espaços aquelas avenidas e adjacências tinham em linha reta ou quase assim. E onde pude ver, quase vislumbrado, a valsa dos descalços em ritmo de encantamento, naquele pré-carnaval antecipado. Meus pensamentos se sentiram em alto libidinosos e fizeram questão de guardar aquele momento pra que a colocasse no papel e que um dia ele te encontre.

Voltei àquelas ruas por todas as noites que passei por lá só para lembrar da primeira na qual só pude saber seu nome, na qual você se foi enquanto eu só pude olhar de longe, mas sorri.

Eu viajo com os pés no chão. Fecho os olhos e apareço em outro lugar toda noite. Tenho idéias tão loucas que só na minha cabeça já me fazem delirar. Consigo sentir esse prazer na ponta da língua, nos meus ouvidos e na pele arrepiada.

Quem me vê nesse transe lúdico deve ter as mais diversas concepções e quem disse que eu me importo? Sou um louco assumido, viajo a toda hora, minha cabeça é cheia de países, sonhos e pessoas, são muitas pessoas e loucuras. Vivo munido de toda fertilidade de pensamentos, imaginações. Meus olhos fechados são meu passaporte.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ponto Final

Arrumar meu quarto depois que ela foi embora pela porta da cozinha é quase como deixar o passado passar pela varanda, recolher a fruta qualquer de gosto amargo e descer o último lance de escadas. Depois de deixar a cama amarrotada e meu rosto da mesma forma, espalho, derramo os livros por cima dela, por dentro da minha cabeça. As letras inúmeras que pelos olhos já me circularam frente a frente com a história que me passa rente aos dedos que regem página por página. Procurando gravuras onde estejam gravadas as formas do que pude por tempos atrás lhe falar.

Expus em caderno vivo e alheio as minhas pedras, de veras coloquei às vistas do mundo as minhas emoções. E quando pisou o último degrau quase pedi para que ficasse, quase – como quase sinto falta – mas achei por bem eu ficar em solo neste palco – ou picadeiro? – pois descera ali os males que puseste nas costas junto ao teu sorriso torpe e a secura de teus afagos e das avarezas de teu corpo. Foste e deixou a porta aberta, em seguida corre e me abraça como nunca fizera antes, ela, que há muito não me visitava. Entrou felicidade, por minha porta, e me disse que nunca esquecera de mim, mas que não me visitava mais por medo de se entristecer.

Sento à mesa com cigarro na mão e ofereço um gole da secura de sentimentos que deixaste um punhado para trás e, assim, pudera provar do que me alimentei por muito tempo. Nem falsa ternura no olhar era doce. Alegria me disse que morreria se provasse daquilo, quase sólido não era, e só causava dor nas entranhas, estranhas.

Como se em cada vírgula que pude colocar fosse o pretexto para respirar sem ver, tentar olhar entre as grades e me afugentar no que plantaram lá fora, em qualquer coisa ou olhar desviado. Antes só pelo apelo astuto do uso das reticências para deixar obscuro o final e hoje enfim é o que pontua.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Nada é verdade

Noutro dia a data era ainda o dia primeiro deste mês e uma pessoa que muito sabia o que comer me daria e diria que por ali era só o alimento que o corpo precisava o que a mente consumia só mesmo Pessoa poderia, talvez em faceta de Campos, mas só ele me falaria e mostraria que eu sou complexo, nem tão alto – talvez tão habitado – quanto o do Alemão. Dentro dos nossos livretos de três ou cinco frases – só para dar números incertos – estavam tudo que já lemos até hoje.

Essa pessoa, mulher, me deixou com um certo tom de dúvida: Se por tudo minto nesse dia dizer que morri seria mentir também? Se por verdades faltarem nesta data morrer seria mentir? Não é verdade que morri, mesmo que de rir, é um dia como outro, nada é verdade.

domingo, 3 de abril de 2011

Menina Musicista

São as mãos que dão toque aos tambores que artesianas, fortes e delicados são os timbres que aportam sobre o couro. Sorri junto aos chacoaleamentos e me apresenta a musicalidade da qual antes tive direito a uma prévia.

Misturando seus cabelos cacheados aos de outras etnias e não se importa com isso. Quando para o som de tocar por instante, há sempre uma sugestão adiante. Vive por ela, mas rege seus próprios passos – cheios de sons – e propósitos para essa paixão não lhe faltam.

Dos batuques dos terreiros aos tons eletrizados nordestinos ela se fascina sempre e tenha certeza que escutará toda a beleza que a música compôs em seus ouvidos, a mulher desses sorrisos encantados entre baquetas e dedais, uma menina musicista, uma bela musicista. Brilha tanto quanto sua musicalidade. Dois acordes e três sons.

Eu e Você


E então tu chegaste, cheia de brilhos, de cheiros, de sotaques e um jeito inigualável. Trocamos sorrisos, olhares e algum gosto incomum. Tuas palavras ainda ecoam em meu pensamento e não consigo te esquecer. Da tua cor, da tua pele e o toque que me fez tremer.

Consigo sentir, talvez até com a mesma intensidade, teus cabelos enrolados em minhas mãos. Cachos perfeitos, macios, deslizando por entre os dedos. O hálito quente sussurrando no meu ouvido. Palavras sem sentido, as quais não sucumbi. Está gravado em minh’alma, tão profundo, imponente como se nem que quisesse poderia tirar. Sinto teu cheiro no meu corpo, nas minhas mãos, sinto tua pele rente a minha, sinto o calor emanando dela, te sinto com o mesmo tino. É como se estivesse aqui me olhando, com aquele olhar penetrante, tão cabuloso, que não consigo me despistar dele. Sinto nossos corpos comprimidos e a vontade louca de se fundir. Incorporados como um só. Os suores escorrendo por entre nós dois, o peito arfante, a dor. Algo tão forte, mas tão cruel. Tua voz rouca ecoa aqui dentro, pedindo mais, querendo mais. Teus lábios doces encostados nos meus, a saliva percorrendo meu peito, as mãos, o desejo. Tudo está cravado em mim.

E neste momento onde estará? Pregando o mesmo desejo na alma de um outro qualquer. Ah, mulher... Se soubesses o quanto machuca não faria tal coisa novamente. Eu consigo ver com tanta perfeição teu sorriso lascivo, nossos olhares e a vontade surgir. Posso te sentir me tocando, tua força a me puxar para ti com tamanha euforia. Que fez de mim eu não sei. Seria capaz de encontrar-te agora neste instante, em qualquer lugar deste meu mundo, e entrar por tua roupa, passar por entre as pernas, os seios, beijar teu pescoço. Sentir tua pele arrepiada e tua mão em minha nuca me pedindo pra ficar. Mas onde estará?

Eu andava por aí, nem sei se perdida, mas andava. Sem rumo ia em direção do vento – rede moinho . Sabia que se eu deixasse por aqui os ventos ainda seriam capazes de jogá-los aos meus pés e invadir minhas entranhas, arranho, lanho, eu me descabelo, prometo o mundo, um filho, os deixo de quatro e escapo antes do crepúsculo chegar, levanto e sigo o vento.

Deixei provar meu sexo, mas não minha vida. Provar quem sou? Me reprovar por cair aos pés das camas alheias? Só provo aquele que me caia nas graças – pra ele desgraça – e me dê gargalhadas. Me desgarro sempre para seguir meus próprios passos, ir em frente com minhas próprias indecisões, me perder sozinha e me achar nos braços iludidos de outrem.

Mas se realmente precisa saber quem sou eu, onde eu estou comece a me procurar onde eu só poderia estar. Faça intervenções para que não me debruce em mais ninguém, que teus preceitos e angústias não existam mais. Que a falta que te faço também se extinga e assim você me possua por inteiro, rasgue minhas roupas e me dispa com ardor, selvagem como mereço, como te pedi. Me procure, me espere, pois estou eu no único lugar onde ainda não me procurou, onde nem mesmo a vida poderá me tirar de você, estou na sua imaginação e somente lá estaria, mas ainda pode me deixar escapar para outros laços.

terça-feira, 29 de março de 2011

Por ti Clementine


As folhas do meu quintal, as mesmas que não tirava desde os momentos febris, desde que saíra por aquela porta para nunca mais voltar.

Enfermo até no olhar vermelho das águas do âmago do ser abatido pelos mesmos olhos que não queriam enxergar que no amor quantia sofrimento – o mesmo que talvez o alimentasse – que o prendia aos teus seios que se revelava em você. Andava ainda de pés descalços quando veio pela calçada chutando os mundos de areia. E os castelos não foram suficientes enquanto estava dentro deles, então de fora pude perceber quantas folhas de papel espalhei sobre a superfície da minha varanda.

Quisera eu achar Clementine perdida por aí e amá-la com toda a intensidade merecida, mesmo que não a visse sair e nem lembrasse das suas confissões enquanto eu dormia. Mas teria a recíproca que mereço.

Me apaixonei por essa mulher quando percorreu meu peito e deleitou-se em meus braços e em meus apegos. Quando vai embora não me sinto abandonado, sei que hora ou outra vai aparecer e sorrir pra mim e me deixar feliz, me completar.

Daria minha intimidade e minha timidez toda entre suas coxas por todas as noites, por toda a minha vida. Só precisaria, Clementine, que me dissesse que sim. Juntaria as minhas folhas, que outrora pensei em queimar, e lhe entregaria para rabiscar em seus livros – mesmo que no rodapé. Queria ser a contra-capa da sua vida ou ainda um texto na orelha, em teu ouvido.

Plantarei por ti, Clementine, flores em meu jardim, em minha casa rente à janela, perto de onde eu possa esperar que cresçam e entregá-las a ti. Surpreendendo a mim a cada reação que pudesse causar em você.

Velejando a poucos nós da costa, pois se sinto saudades volto a tempo de lhe ver ainda saindo no frescor de seu banho, quem sabe, desnuda. E por horas admirar teu contraste com o sol, teu contorno à luz, teus olhos profundos que somem enquanto lhe ordeno um beijo.

Venha esta noite e me olhe amanhã ao alvorecer do dia, se apaixone. Tente ir embora, se esforce, abra a porta depois de me beijar os olhos, chegue ao corredor, ao portão e se arrependa, volte e deite ao meu lado. Fique ali para sempre, onde estarei para lhe abraçar e sorrir como se ainda fosse noite.