Põe sobre maio, ainda em maio uma enorme chuva que separa minhas mãos das tuas. A chama procura o ar para não se desfazer em pouca luz. Um par de esperança sobre um frio exuberante. Ontem Rio de Janeiro, hoje nem parece.
Quando descobrir que a chama, que é fraca ainda queima. E as palavras que se escassam também.
Pronto para seguir a vida com dois motivos. Louco por esse momento.
Sons de borbulhas à noite. Sons de garcejos ao dia. Mãos tão pequenas. Olhos tão inocentes. Se menino já tenho até o nome.
Cai sobre maio os ventos que não são os de costume e as águas atrasadas de outros meses.
Me deixe aqui pensando, não olhe para trás e nem volte, não precisa. Nunca vou deixar de usar essas meias que antes não calçava.
As palavras suplicam baixinho – quase inaudível – por mais alguns instantes, mas já fomos o bastante e está na hora de seguirmos, trilhar cada qual a sua maneira, com seu pensamento, individualmente.
Põe às ladeiras abaixo correndo feito a gota já caída. As luzes só as de cera que pouco iluminam. E a vida que é torpe e imprevisível fica às escondidas, as beiras dos becos, só para me ver de volta as palavras e o papel. Deixei de lado.
E quando as águas baixarem e, quando for maio ou noite deixarei a chama acesa até que o vento possa soprar o último fio de luz.