Há tempos não derramo lágrimas. Estou esperando encontrar alguém por quem derramá-las. E é aí que está o problema, esse alguém não me encontra e eu não consigo procurar um alguém que queira me encontrar. Não acho ninguém que queira procurar minhas lágrimas.
Enquanto isso só derramo as palavras que penso ser só palavras e deságuam meus pensamentos e se vão meus sentimentos.
Por enquanto não me bate à porta e nem ao coração um alguém que faça as lágrimas se aplicar nessa oração de palavras. Enquanto as explicações e as pessoas são só pessoas nas palavras e as palavras se fazem cair com cheiro de tinta inalada sobre o papel. Serão as pessoas as minhas orações de palavras.
Dentro do impossível nem tudo é improvável e as palavras se repetem sem que as lágrimas me venham.
Que me venha você que sabe que já é você e sabe que as canções já foram suas e serão as suas vozes a minha. Nem que uma lágrima eu force abaixo aos olhos para a doçura que não estão em minhas palavras – a luxúria as domina.
Antes que me chame e eu olhe em teus febris olhos, toque minha mão, me dê motivos para sorrir. Por enquanto eu vou na secura de choros e sem amor, sem amar, sem palavras.