segunda-feira, 21 de março de 2011

Empoeirado


As folhas secas já invadiram meu quarto e estão sobre as folhas que um dia escrevi para elas, as mesmas que já não me escutam, mas me lêem, disfarçadamente. Eu que ainda consigo rabiscar papéis em nomes e modos diferentes e por cada sorriso pelo qual me apaixono, de esquina e transversais diversas.

Os móveis estão empoeirados e eu já quase não os vejo. Por lembrar demais delas, quase não me faço mais presente em minha casa. A minha casa, somente ela, deve ainda lembrar de quem eu sou, a cama está sentindo falta dos afagos e carícias ensandecidas, porém deixou de me amar, acredito.

Não consigo tantas lágrimas para chorá-las sobre o papel, posso colocar os sorrisos e as possibilidades de amores que surgem em minha vida. E posso eu amar à todas, de formas diferentes, em separado ou ao mesmo tempo. Com as pitadas necessárias para ficar ao meu gosto, ao meu paladar. Ainda cabem degustações descontroladas, sem nexo algum, apenas por vontades.

Dias atrás pus sobre a mesa livros de amor, velhos livros, não vou ler novamente, quero romances novos, quero felicidade.

Vou até lá amanhã. É bem possível que você me acompanhe – nem que em pensamento. Passo a passo, você me segue. Você que já percorreu esse caminho há muitos ou há poucos dias.

Nós tiraremos a poeira que se acumula sobre o tempo. Faremos tudo o que sua mente permitir e repetiremos, se você quiser. Sem olho no olho, apenas se sente ou deite e deixe que eu contemple as suas memórias, desfrute teu corpo. Que a poeira não se acumule mais sobre esta estante e que as mãos e os corpos deleitem-se nos instantes.

3 comentários:

Beta disse...

Amei!!!

Lana disse...

me deleitei nesse instante...sem duvida!obrigada por esse beijo literario....rs....(espero que pelo menos daqui ha algum tempo isso seja realmente valido...rs)

Tatih Oliveira disse...

Que a memória perdure, mas de qualquer modo deixe espaços vázios; lacunas em branco... Para novas escritas e novas recordações...